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Do afastamento ao retorno: relembre os três meses em que Wanderlei Barbosa ficou fora do governo do Tocantins

Confira detalhes dos três meses de governo de Laurez Moreira Uma liminar determinou que Wanderlei Barbosa (Republicanos) retorne ao cargo de governador do Toca...

Do afastamento ao retorno: relembre os três meses em que Wanderlei Barbosa ficou fora do governo do Tocantins
Do afastamento ao retorno: relembre os três meses em que Wanderlei Barbosa ficou fora do governo do Tocantins (Foto: Reprodução)

Confira detalhes dos três meses de governo de Laurez Moreira Uma liminar determinou que Wanderlei Barbosa (Republicanos) retorne ao cargo de governador do Tocantins. A decisão do Supremo Tribunal Federal revogou o afastamento de 180 dias determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele ficou três meses longe do cargo ao ser investigado por um suposto esquema de desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas na pandemia da Covid-19. Nesse período, trocou farpas com o vice Laurez Moreira (PSD), foi alvo de mais uma operação da Polícia Federal, teve seus aliados exonerados do primeiro escalão do Estado, além de contratos e dívidas expostos pelo governador que estava em exercício. A decisão do ministro Nunes Marques foi publicada nesta sexta-feira (5), tem efeito imediato e ainda deverá passar pela Segunda Turma do STF. Na época da operação, a primeira-dama Karynne Sotero também foi afastada do cargo, mas o retorno dela não é mencionado na liminar. A assessoria da primeira-dama informou que não tem um posicionamento sobre o caso, já que "ela não foi objeto da medida". Em nota, a defesa do governador Wanderlei Barbosa disse que "recebe com serenidade a decisão emanada do Supremo Tribunal Federal proferida na data de hoje, a qual viabiliza o seu retorno ao cargo para o qual foi legitimamente eleito". O g1 reuniu os acontecimentos relacionados ao Poder Executivo nos três meses em que o Wanderlei Barbosa ficou afastado. Veja os tópicos abordados na reportagem abaixo: Afastamento de governador e primeira-dama Vice assume e exonera aliados Troca de farpas entre Wanderlei e Laurez Dívidas na saúde e suspensão de contrato de táxi aéreo Exoneração de contratos da educação Wanderlei alvo em mais uma operação da PF Chácara de governador entre Goiás e Tocantins Venda das ações da Energisa suspensa Afastamento de governador e primeira-dama Governador Wanderlei Barbosa entregando cesta básica durante a pandemia, em maio de 2021 Ruraltins/Governo do Tocantins O afastamento de Wanderlei Barbosa e da primeira-dama Karynne Sotero foi determinado no dia 3 de setembro de 2025, durante a segunda fase da Operação Fames-19, da PF. Os dois são suspeitos de desvios de recursos públicos realizados entre 2020 e 2021, quando foi declarado estado de emergência em saúde pública por conta da pandemia de Covid-19. Esses recursos foram usados na contratação de várias empresas, abertas pouco antes de serem contratadas para fornecer alimentos, sem terem esse objetivo social. Na pandemia, o Governo do Tocantins teria comprado pelo menos 1,6 milhão de cestas básicas. Há suspeita de que os contratos para aquisição dos alimentos foram pagos, mas nem todas as cestas foram entregues à população. Nas investigações da Fames-19 foram identificados pagamentos de mais de R$ 97 milhões em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. O prejuízo estimado pela Polícia Federal é de mais de R$ 73 milhões. Nesse período, Wanderlei era responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), órgão que recebia os recursos que iriam ajudar a população durante a pandemia. Segundo a Polícia Federal, Wanderlei Barbosa teria mantido um esquema de desvios por meio de contratações ilícitas. O afastamento do governador e da primeira-dama foi determinado pelo ministro Mauro Campbell e depois referendado pela Corte Especial do STJ. Vice assume e exonera aliados Wanderlei Barbosa (Republicanos) e Laurez Moreira (PSD) durante cerimônia de posse, em 2023. Divulgação/Governo do Tocantins Após a Justiça afastar Wanderlei Barbosa, Laurez Moreira (PSD) assumiu o cargo. No mesmo dia em que passou a responder pelo Estado, exonerou todo o primeiro escalão, composto por aliados de Wanderlei. Na época, Laurez fez uma coletiva de imprensa e informou que a medida atendia a uma recomendação do ministro Mauro Campbell, do STJ. Antes disso, Laurez assumiu o governo em 2023. Logo depois, Wanderlei propôs uma emenda à Constituição Estadual para permanecer no cargo mesmo durante viagens. O texto foi aprovado em 2024. Troca de farpas entre Wanderlei e Laurez Com o afastamento, Laurez Moreira e Wanderlei Barbosa passaram a se autodenominar "Governador do Tocantins" nas redes sociais. Na época, o governador comentou sobre o seu afastamento e alegou perseguição política por parte de Laurez. "Derrotei pessoas que não aceitaram e se juntaram ao vice-governador Laurez. Durante todo esse tempo eu sofri muito, por isso houve o meu afastamento do Laurez, porque eu sabia o que ele estava fazendo. Eu tinha informações diárias dele em Brasília, tentando o tempo inteiro me afastar do mandato", comentou Wanderlei. Wanderlei Barbosa divulga vídeo em que afirma ser perseguido Laurez respondeu ao governador afastado dizendo que eram assuntos sobre os quais não tinha o que falar, mas que as afirmações se tratavam de desrespeito. "É questão da Justiça, e é um problema que tem que resolver com a Justiça, não comigo, né? Quem sou eu para tramar contra alguém ou fazer alguma coisa. Ele tem que responder pelos atos que praticou". O governador que estava em exercício também comentou sobre as viagens feitas por Wanderlei ao suspender um contrato com uma empresa de táxi aéreo. Laurez afirmou que entende que um governador deve viajar para trazer recursos para o Estado, "mas não para sair com seus amigos para fazer viagens internacionais". Dívidas na saúde e suspensão de contrato de táxi aéreo Seis dias após o afastamento, Laurez Moreira anunciou uma série de medidas para conter gastos da máquina pública. Entre elas, a suspensão do contrato de R$ 20 milhões com uma empresa de táxi aéreo para o fornecimento de um avião que era usado para viagens de Wanderlei Barbosa. Além da suspensão da locação da aeronave, Laurez também barrou a viagem de uma coletiva do Palácio Araguaia aos Estados Unidos, que aconteceria naquela semana. No dia 3 de novembro de 2025, Laurez anunciou que a Secretaria de Estado da Saúde está com dívidas de R$ 580 milhões e, por isso, pretendia publicar decreto de emergência relacionado à situação na saúde. Além dessa dívida, o estado tem um débito que pode passar de R$ 1 bilhão, conforme apuração que começou assim que Laurez assumiu o comando do Executivo Estadual. Na época, a assessoria de Wanderlei Barbosa informou que a Secretaria da Saúde tem um orçamento anual de mais de R$ 3,2 bilhões e que "é normal que fiquem restos a pagar de um ano para o outro". Disse ainda que não é possível pagar as contas dentro do mesmo ano e os valores ficam como "restos a pagar". E destacou que não foram apresentadas provas do "suposto rombo financeiro". Já sobre a contratação da aeronave, a defesa de Wanderlei informou que o contrato celebrado com a empresa de táxi aéreo está estritamente dentro da legalidade e que "lamenta o uso político, indevido e sensacionalista do contrato por parte do vice-governador". Exoneração de contratos da educação Ainda em novembro, o governador em exercício encerrou 1.141 contratos temporários e cargos comissionados de profissionais lotados na Secretaria de Estado da Educação (Seduc). Conforme o texto publicado no Diário Oficial, as extinções ocorrem "por necessidade de reajustamento na prestação dos serviços". A Seduc informou que a medida buscava corrigir distorções, pois havia servidores excedentes em determinados setores e a extinção dos contratos resultará em uma economia mensal estimada em cerca de R$ 2,7 milhões. Wanderlei alvo em mais uma operação da PF Karynne Sotero é flagrada pela câmera de segurança saindo de casa após visita de Thomas Gonçalves Reprodução/Decisão STJ No dia 12 de novembro, Wanderlei foi alvo de mais uma operação da Polícia Federal, que investiga a possível prática de embaraço à investigação da Operação Fames-19. Segundo a polícia, as investigações tiveram início durante a deflagração da 2ª fase da Operação Fames-19, que afastou o governador. A Operação Nêmesis identificou que alguns investigados teriam se prevalecido de seus cargos e utilizado veículos oficiais para retirar e transportar documentos e materiais de interesse da investigação. A Polícia Federal também apurou que horas antes da Fames-19 ser deflagrada, Wanderlei Barbosa e a primeira-dama foram informados sobre a ação dos policiais por um ex-secretário. O casal deixou a casa onde estavam às pressas com a filha da primeira-dama. Eles acabaram deixando um cofre aberto e vazio, comida sobre a mesa, uma televisão ligada e um celular, que, segundo a polícia, foi resetado. Conforme a investigação, Wanderlei, com ajuda da família e aliados, retirou da casa da sogra, em Palmas, documentos, equipamentos eletrônicos e, possivelmente, dinheiro antes da operação da PF. Para a movimentação, foram usados veículos oficiais e o trabalho de policiais militares. Chácara de governador entre Goiás e Tocantins Área da chácara atribuída pela Polícia Federal ao governador Wanderlei Barbosa Reprodução/Polícia Federal Na decisão que autorizou a Operação Nêmesis, foi apontado que Wanderlei Barbosa teria uma chácara no distrito de Campo Alegre, em Paranã. De acordo com a investigação, o imóvel está registrado no nome de Mauro Henrique da Silva Xavier, mas o “proprietário formal” seria o governador afastado. Durante buscas no local, a polícia encontrou a casa decorada com diversas fotos e objetos pessoais de Wanderlei e da primeira-dama Karynne Sotero. O g1 questionou a assessoria do governador afastado e da primeira-dama, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem. A defesa de Mauro Henrique não foi localizada. A região virou alvo de uma disputa entre os governos de Goiás e do Tocantins, depois que o governo do Tocantins instalou um portal na região com as frases "Bem-vindo ao Tocantins" e "O turismo começa aqui". A Procuradoria Geral do Estado de Goiás (PGE-GO) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que uma área de 12,9 mil hectares (129 km²), na divisa entre Paranã e o município de Cavalcante (GO), pertenceria a Goiás. Venda das ações da Energisa suspensa Em julho de 2025, Wanderlei Barbosa havia sancionado a lei que autorizava a venda de participação do Estado nas ações da Energisa. Na época, foi informado que os recursos resultantes da venda de percentuais das ações serão "destinados à execução de obras estruturantes e infraestrutura hospitalar e urbana". Depois que o governador foi afastado, Laurez anunciou, durante coletiva de imprensa no dia 24 de novembro, que não daria continuidade à venda da participação do estado na Energisa. Ele informou que buscava preservar o patrimônio público e manter a presença do Tocantins no quadro societário da concessionária. Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.