Menina de 12 anos recebe visita de cavalo para sessão de equoterapia em hospital: 'Humanização do cuidado', diz mãe
Menina de 12 anos recebe visita de cavalo para sessão de equoterapia em Marília Nayara Mazini e sua filha, Letícia, caminham juntas, desde muito cedo, por um...
Menina de 12 anos recebe visita de cavalo para sessão de equoterapia em Marília Nayara Mazini e sua filha, Letícia, caminham juntas, desde muito cedo, por uma trajetória marcada por lutas, vitórias e desafios. A rotina de uma mãe cuidadora e de uma criança com necessidades especiais inclui idas frequentes ao hospital, crises convulsivas e tratamentos com diferentes medicamentos, incluindo a Cannabis sativa. A menina de 12 anos convive com a Síndrome 1p36, a Síndrome de Lennox-Gastaut e o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Internada desde o dia 28 de novembro na Santa Casa de Marília (SP), Letícia recebeu uma visita especial, que faz parte de um longo e importante processo terapêutico em sua vida: do cavalo Atrevido. 📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp O g1 conversou com o fisioterapeuta Jonathan Bonato, que explicou a importância da equoterapia e como uma simples visita ao hospital pode mudar e estimular pacientes, além da importância da flexibilização e do cuidado nos ambientes hospitalares. Menina de 12 anos recebe visita de cavalo para sessão de equoterapia em hospital de Marília Nayara Mazini/Arquivo pessoal ❤️🩹 Humanização do cuidado Enfermeira de formação, Nayara explica que a vivência profissional nos hospitais a fez compreender, ainda mais de perto, os impactos de uma internação prolongada na saúde mental dos pacientes. Em razão dos diagnósticos de Letícia, as idas às Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) eram frequentes e, conforme a mãe, a melhora veio após a introdução da Cannabis medicinal e com a equoterapia, praticada desde seus primeiros anos de idade. No sábado (20), após muitos dias de internação por uma pneumonia, Letícia apresentava sinais claros de cansaço emocional, estava há quatro dias sem dormir e demonstrava indícios de depressão, perceptíveis pelo comportamento, já que ela não se comunica verbalmente. Menina de 12 anos recebe visita de cavalo para sessão de equoterapia em hospital de Marília Nayara Mazini/Arquivo pessoal Diante desse cenário, surgiu a ideia, em conjunto com a Associação Maria Flor, de levar o cavalo Atrevido, da equoterapia, para visitar a menina e oferecer um momento de acolhimento e alívio durante o tratamento. "Foi muito lindo ver o afeto do Atrevido com a Lelê, as trocas, voltar a ver o sorriso dela novamente, ao abraçar o cavalo. As lágrimas de emoção rolaram no rosto de várias pessoas ali presentes e que assistiram também ao registro desse dia tão especial. No dia seguinte, Letícia teve alta hospitalar, mas, por uma descompensação severa das convulsões, reinternou à noite. Chegou a ter mais de 40 convulsões por hora", conta em entrevista ao g1. Segundo ela, o afastamento da casa e da rotina, a restrição da convivência e da inclusão social, além da sequência de procedimentos invasivos, tornam o período ainda mais difícil, especialmente em datas como o fim de ano, quando o desejo de estar com a família se intensifica e o momento acaba sendo também de reflexão sobre a própria vida. "É neste olhar de humanização do cuidado, da empatia e da compaixão que a enfermagem é capaz de fazer toda a diferença. Neste momento, ela se encontra estável e passaremos um Natal de uma forma inesperada, mas repleto de amor, que é o espírito que esta data tanto representa." Menina de 12 anos recebe visita de cavalo para sessão de equoterapia em hospital de Marília Santa Casa de Marília/Divulgação 🐎 Equoterapia Jonathan Bonato, fisioterapeuta na associação, atuava na prestação de atendimentos em conjunto com uma equipe multidisciplinar quando recebeu o convite para fazer capacitação em equoterapia, em Brasília (DF). Conforme a Associação Nacional de Equoterapia, a equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. Menina de 12 anos recebe visita de cavalo para sessão de equoterapia em hospital de Marília Nayara Mazini/Arquivo pessoal "Quando trabalhada de maneira conjunta, é possível observar avanços significativos que, em abordagens isoladas, demandam um tempo consideravelmente maior para serem alcançados. Estudos demonstram que o simples caminhar do cavalo é capaz de proporcionar mais de 2 mil estímulos ao praticante durante uma sessão", relata Jonathan ao g1. Além disso, o fisioterapeuta ressaltou que esses estímulos influenciam diretamente aspectos motores, sensoriais, visuais, psíquicos e comportamentais, além de contribuir de forma expressiva no manejo da ansiedade, no fortalecimento da confiança e na superação de medos. Dentro da Associação Maria Flor, Jonathan relatou que realiza diversas atividades em outras instituições sociais por meio da terapia canábica e da equoterapia. "Esse vínculo estabelece uma relação genuína e recíproca entre o praticante, o animal e toda a equipe envolvida. Na Santa Casa de Marília, foi possível vivenciar um dia verdadeiramente especial, que ficará marcado não apenas na nossa história, mas, sobretudo, na vida da nossa praticante Letícia e de sua família", finaliza. *Sob a supervisão Ana Paula Yabiku Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília VÍDEOS: assista às reportagens da região