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Motta diz que decisão de cassar Ramagem pela Mesa Diretora foi para evitar 'estresse institucional'

Eduardo Bolsonaro e Ramagem perdem mandatos O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta sexta-feira (19) que a decisão d...

Motta diz que decisão de cassar Ramagem pela Mesa Diretora foi para evitar 'estresse institucional'
Motta diz que decisão de cassar Ramagem pela Mesa Diretora foi para evitar 'estresse institucional' (Foto: Reprodução)

Eduardo Bolsonaro e Ramagem perdem mandatos O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta sexta-feira (19) que a decisão de cassar o mandato de Alexandre Ramagem (PL-RJ) por meio de um ato evitou um "estresse institucional". Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à perda do mandato e a 16 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, Ramagem teve o mandato cassado na noite de quinta (18) por um ato da Mesa Diretora da Câmara — sem votação em plenário. O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) se mudou para os Estados Unidos em setembro, tentando driblar a justiça, e é considerado foragido. O ministro do STF Alexandre de Moraes, que é relator das ações sobre a trama golpista, determinou que o Ministério da Justiça dê entrada no pedido de extradição. A cassação de Ramagem por um ato direto da Mesa foi um recuo ao que Motta havia sinalizado dias antes. Em um pronunciamento à imprensa, ele disse que submeteria o caso à votação no plenário, contrariando o Supremo. Hugo Motta afirmou, em um encontro com jornalistas nesta sexta, que a nova trajetória foi definida em conjunto com lideranças partidárias. A decisão foi tomada para evitar o imbróglio jurídico ocorrido com a cassação de Carla Zambelli (PL-SP), condenada a dez anos de prisão por comandar ataques a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na última quarta (10), o plenário da Câmara livrou Carla Zambelli da cassação, ignorando decisão do STF. Um dia depois, a Primeira Turma da Corte anulou a deliberação da Casa e determinou a perda imediata do mandato de Zambelli. Antes do término do prazo definido pelo STF e sem necessidade de a Câmara se pronunciar sobre a ordem do Supremo, Carla Zambelli renunciou. Segundo Motta, submeter o caso de Ramagem ao plenário — seguindo rito do caso Zambelli — levaria a um "novo episódio de conflito". "Por decisão dos líderes e dos membros da Mesa e para evitar um novo episódio de conflito, de estresse institucional, houve uma decisão, capitaneada pelos líderes, de que pudéssemos decidir isso pela Mesa. Foi isso que aconteceu. Tomamos a decisão pela Mesa Diretora da Câmara", disse. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, em encontro com jornalistas Kevin Lima/g1 Ramagem fugiu do país Alexandre Ramagem foi condenado, pelo STF, à perda do mandato e a 16 anos de prisão por três crimes: organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático e tentativa de golpe de Estado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que Ramagem usou a estrutura da Abin para vigiar adversários políticos e reforçar ataques do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral. O Ministério Público também sustentou que o ex-deputado integrou um núcleo estratégico da organização criminosa e contribuiu para difundir narrativas de fraude. A sentença se tornou definitiva (sem possibilidade de recurso) no final de novembro. Deputado Delegado Ramagem (PL - RJ) Bruno Spada / Câmara dos Deputados Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Ramagem deixou o Brasil antes da conclusão do julgamento da trama golpista no Supremo. Segundo a Polícia Federal, o ex-deputado foi para os Estados Unidos na segunda semana de setembro. Caso Eduardo Bolsonaro Além de Ramagem, a Mesa Diretora também cassou o mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na quinta. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também mora nos EUA, perdeu o mandato por contabilizar faltas acima do permitido pela Constituição. Aos jornalistas, Hugo Motta afirmou que decidiu levar adiante as cassações para evitar que os casos de Eduardo e Ramagem prejudicassem andamento da Câmara no próximo ano. "Nunca é um tema simpático, que nos agrada. Muito pelo contrário. Sempre traz algum nível de constrangimento. Ninguém se sente feliz de estar cassando e punindo um colega. Mas é da nossa função", disse. "Enquanto presidente da Câmara, decidi enfrentar essa agenda em 2025 para que não se arrastasse para o ano que vem, com problemas que não fariam bem ao dia a dia da nossa convivência na Casa", acrescentou. PL da Dosimetria Hugo Motta também defendeu que a discussão da proposta que pode reduzir penas de Jair Bolsonaro e outros condenados por atos golpistas é "um direito do Congresso". Segundo ele, o projeto, que foi enviado para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é uma "decisão política" e pode ajudar a "pacificar" o Brasil. "Não aprovamos anistia. O que aprovamos foi a possibilidade de dar a essas pessoas a condição de poder acionar o Judiciário. Se a lei vier a ser validada, poder essas pessoas, junto ao próprio Poder Judiciário, poder reivindicar [revisão das penas", disse. "Foi uma decisão política de avançarmos numa descompressão de tudo que tem acontecido no país ao longo desse ano. Acho que é uma oportunidade de avançarmos, quem sabe, para uma situação de pacificação no país", acrescentou. O chamado PL da Dosimetria foi aprovado pelo Senado e enviado à sanção na última quarta (17). Um dia depois, o presidente Lula afirmou que vetará a proposta. Hugo Motta disse que não conversou com Lula a respeito do texto. Segundo ele, se o veto for confirmado, a decisão deverá ser discutida com lideranças do Congresso. "Dependendo da decisão do presidente, vamos reunir os líderes. Quem pauta veto é o presidente do Senado. Ainda não conversei com o senador Davi sobre essa posição", declarou.