Vendaval histórico atinge SP sem chuva e se prolonga por mais de 12 horas; rajada chega a 98,1 km/h
Vendaval histórico atinge SP sem chuva e se prolonga por mais de 12 horas; rajada chega a 98,1 km/h A cidade de São Paulo enfrentou uma ventania considerada i...
Vendaval histórico atinge SP sem chuva e se prolonga por mais de 12 horas; rajada chega a 98,1 km/h A cidade de São Paulo enfrentou uma ventania considerada inédita pelos meteorologistas: é a primeira vez que rajadas tão fortes atingem a capital sem a presença de chuva ou temporais. O vento começou ainda pela manhã da quarta-feira (10) e seguiu intenso até a noite, algo que também chamou a atenção do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). De acordo com meteorologistas, a longa duração do vendaval surpreende especialistas e não tem precedentes na capital paulista. Em outras ocasiões em que a capital registrou ventos tão fortes — como em setembro, quando o Campo de Marte marcou 98,2 km/h — a cidade enfrentava temporais. Desta vez, porém, o céu permaneceu firme, com sol entre nuvens e nenhum sinal de chuva, o que aumenta o caráter incomum do evento. Desde as 9h, na quarta, as rajadas ultrapassaram 75 km/h em diversos bairros. No Mirante de Santana, na Zona Norte, o Inmet registrou ventos de 80 km/h. A maior rajada do dia foi registrada pelo Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) na Lapa, Zona Oeste, e chegou a 98,1 km/h. Tempestade com ventos de até 98 km/h causa estragos na Grande SP Reprodução/TV Globo Os ventos fortes deixaram um rastro de destruição na capital e região metropolitana de São Paulo: mais de 2 milhões de imóveis sem luz, queda de 151 árvores, fechamento de parques, voos cancelados e até consultas em hospital precisaram ser canceladas. O responsável pelo vendaval é um ciclone extratropical que atua no litoral do Rio Grande do Sul. Embora longe de São Paulo, o sistema tem grande área de influência — e por isso ventou tanto na cidade, segundo meteorologistas. “É um ciclone muito amplo. Mesmo distante, sua circulação gera ventos fortes em boa parte do Sul e Sudeste”, explicou o Inmet à TV Globo. A expectativa é que o ciclone se afaste gradualmente para o mar durante esta quinta (11), reduzindo a força do vento. Veja lista de maiores rajadas de vento até as 14h desta quarta, segundo a Defesa Civil: 98,1 km/h — Lapa, às 12h40; 96,3 km/h — Aeroporto de Congonhas, às 12h; 81,2 km/h — Santana, às 12h50; 79,6 km/h — Aeroporto Campo de Marte, às 13h. Árvore caída na avenida Faria Lima Arquivo pessoal Previsão do tempo Segundo a Climatempo, a previsão para os próximos dias é: Quinta (11) Rajadas: até 70 km/h Temperaturas: de 19°C (mínima) a 30°C (máxima) Grande SP, litoral e Vale do Paraíba ainda podem ter ventos fortes Sexta (12) Ventos mais fracos Temperaturas: de 19°C a 31°C Previsão de chuva à tarde ou à noite Sábado (13) Temperaturas: de 20°C a 26°C Chuva prevista, que pode ser forte Domingo (14) Temperaturas: de 20°C a 25°C Chuva ao longo do dia Ventania derruba árvore na Avenida República do Líbano e congestiona trânsito Mudança de padrão Segundo Cesar Soares, meteorologista do Climatempo, os dados confirmam uma mudança de padrão climático na região metropolitana de São Paulo. “Essas rajadas de vento que antes eram valores inusitados, extremos, vão passar a ser frequentes. Com mais energia na atmosfera, mais aquecimento e mais calor retido, a gente terá condições cada vez mais severas e intensas”, disse Soares. O especialista explica que, nos anos 2000, linhas de instabilidade capazes de provocar ventos tão fortes eram raras, mas passaram a se repetir anualmente. “Agora a gente está vendo com frequência. Está acontecendo pelo menos uma ou duas vezes ao longo de cada ano. Os últimos anos têm registrado rajadas cada vez mais intensas”, afirmou. Escala de Beaufort Pela Escala de Beaufort, que classifica a intensidade dos ventos, os danos ocorridos na Grande São Paulo nos últimos anos indicam a categoria 10 e 11, ou seja, com ventos entre 89 km/h a 117 km/h. Criada há mais de 200 anos para facilitar a navegação marítima, a escala vai de 0, que representa ventos calmos, quase sem movimento, com fumaça subindo verticalmente a 12, que correspondem a furacões. A partir de 10 na escala já é considerado uma tempestade. Nessas circunstâncias, há estragos em construções e árvores, além de mar extremamente turbulento. Com rajadas cada vez mais frequentes e intensas, São Paulo já registra episódios que se aproximam das categorias mais altas da Escala de Beaufort — criada há mais de 200 anos para orientar navegadores e que hoje ajuda a dimensionar o impacto de ventos que, em terra firme, estão se tornando parte da rotina dos paulistas.